sexta-feira, 4 de setembro de 2015

O Show de Calouros do Capiti

Gostaria de ter uma foto de Isidoro Batista, mais conhecido como Capiti, mais infelizmente ainda não consegui ao longo desse processo de pesquisa. O dia em que encontrar alguém que possua essa foto, soltarei fogos. Ou no dia em que encontrar sua filha, Tetê, da qual não descobri o paradeiro. Ou algum outro parente. Isso porque o Capiti representa um capítulo a parte na história do Cine Argus: o show de calouros do Capiti.

Figura folclórica na cidade de Castanhal nos anos 50 e 60, Capiti foi um radialista que veio de Macapá, trabalhou na Rádio Marajoara em Belém e, ao chegar em Castanhal, assumiu o serviço de publicidade do cinema de Seu Duca. Afinal, como já dissemos em outras ocasiões, o Cine Argus era mais do que um mero cinema. Era a principal referência cultural do município, onde aconteciam uma série de eventos, e também um espaço de utilidade pública. O Departamento de Publicidade do Cine Argus (intitulado assim por Seu Duca) era responsável por divulgar as principais notícias de Castanhal e da região, além é claro de anunciar a programação dos filmes. O Capiti, que se tornou o locutor oficial (e até hoje o mais famoso) do Cine Argus, idealizou a realização de um festival de calouros que marcou profundamente a história do cinema de Seu Duca.

Inicialmente realizado nas noites de quinta-feira e posteriormente nas matinês de domingo, o show de calouros do Capiti fez história no município de Castanhal. Capiti conseguia a doação de pequenos brindes no comércio local e fazia a divulgação de seu programa de auditório no município. Durante alguns períodos, era comum as pessoas irem para a missa da manhã na Matriz de São José e, ao sair, ir para o Cine Argus para assistir o show de calouros do Capiti. Intervalo para o almoço e, poucas horas depois, a população voltava ao Argus para assistir aos filmes.

Bandas e conjuntos regionais se apresentavam. Vez ou outra, uma atração de fora do município se apresentava no palco do cinema. O próprio Capiti cantava. Descrito como um negro forte, de voz muito bonita, levantava o público cantando músicas de Nelson Gonçalves. Gostava de fazer charadas. Amílcar Carneiro, filho de Seu Duca, começou a frequentar os programas de Capiti ainda garoto, e lembra que, feito a charada, alguém de fora podia ir e “matar” (responder). Não pagava para entrar, se dissesse que ia “matar”  a charada, entrava. Pois o programa era transmitido para fora do cinema também, por meio dos alto-falantes. Brincadeiras, provas, truques de mágica, embaixadinhas... Além, é claro, das competições musicais, onde quem decidia quem havia cantado melhor era o público, através das palmas. Tudo rolava no show do Capiti, que chegou a ganhar o nome de “Divertimentos em Desfile”. Posteriormente, Zé Carneiro (filho mais velho de Seu Duca) e Moacir Silva comandaram o programa, em diferentes momentos.

Isidoro Batista, nosso saudoso Capiti, morreu no ano de 1972, com cerca de 50 anos, vítima de atropelamento.


  Cine Argus  - 1968 

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